Os We Are são um trio norueguês, com raízes em Oslo, formado por Karl Hjalmar Nyberg (saxofone e teclas), Aaron Mandelmann (contrabaixo) e Axel Skalstad (bateria). Apesar de ainda serem jovens, são já figuras de relevo na cena jazz norueguesa, conhecidos por projectos como Megalodon Collective, Krokofant, Kalle e a Trondheim Jazzorchestra. Em How 2 3> - o seu primeiro trabalho de longa-duração como banda -, apresentam 9 temas, a maioria dos quais compostos por Nyberg, com contribuições Mandelmann e Skalstad. 

How 2 3> é um trabalho que agradará mesmo a ouvintes tradicionalmente fora da esfera do jazz: é um álbum cheio de cor e dinâmica, chegando a ser mesmo divertido, com temas de energia contagiante, outros lânguidos e arrastados, e influências que vão do free jazz ao prog rock. As suas composições estão repletas de melodias cativantes, facilmente memorizáveis, intercaladas com momentos de espontânea e criativa improvisação, ingredientes que quando misturados alargam o espectro de possíveis ouvintes - e meritoriamente, porque é um álbum fantástico - e que facilmente instigam uma plateia a dançar ou a mover-se a seu comando.

Depois de abertas as hostes com “Intro”, o trio avança para o tema homónimo, “How 2 3>”, uma composição perfeita para definir o ambiente e humor de uma plateia, com uma cadência com reminiscências do surf rock dos anos 60, e onde o saxofone brilha com fulgor. Já em “We are” - uma balada épica comandada pelas teclas - mergulhamos num universo de prog rock, que nos transporta para os 70s, bem para o centro do universo psicadélico de King Crimson e Gentle Giant. “Kattguld” é temperado a especiarias orientais, que conferem uma camada de misticismo ao tema. “Rio” constrói-se à volta de um mesmo padrão melódico que é reinventado e desagua em momentos de livre improvisação. “A” abre espaço para respirar e digerir a intensidade desta experiência, repondo a calma à, até agora, frenética viagem. “Yafo” progride a meio trote, num tom dreamy e semi-épico - uma mensagem de esperança! Por fim, “Nettbuss” e “Rooster My Dear”, com uma premissa prevalentemente jazzística, mas também com incursões por domínios mais livres e progressivos, terminam o disco em grande, com pujança e frescura, coroando um trabalho que delícia os ouvidos de qualquer melómano.

Em How 2 3> os We Are conseguem, de uma forma despreocupada e original, mesclar estruturas rítmicas complexas com cadências arrastadas_, surf rock_ com improvisação livre, jazz com prog rock. O resultado final é altamente recomendável e, certamente, deixará qualquer um com vontade de os ver num espetáculo ao vivo.

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