Fim de semana prolongado pede sempre por boa música, e ainda mais quando, depois de um Inverno teimoso, o Sol em Inglaterra decidiu finalmente acordar de uma longa hibernação. Corpos a suplicar por vitamina D passearam-se no passado fim-de-semana pelo polo cultural mais entusiasmante do sudoeste inglês, a cidade de Bristol, que, salvo erro nas contagens, acolheu pelo menos quatro festivais de dimensão considerável. A oferta foi muita e variada, mas dificilmente melhor do que as propostas pelas quais as incríveis gentes do Worm Disco Club nos guiaram ao longo de dois dias. Estas incluíram duas atuações do soundsystem do colectivo, além de uma ida ao festival Jazz Stroud, onde presenciámos concertos de Sarathy Korwar e Church Andrews & Matt Davies.
O coletivo de Bristol Worm Disco Club é o berço da Worm Discs, etiqueta cujos lançamentos dão a conhecer um leque diverso de novos artistas — a maioria com base em Bristol, mas não só — que têm contribuído para definir as matizes que coloram os avanços estéticos do jazz da contemporaneidade. Aqui pelo Rimas e Batidas, o projeto coordenado por Jackson Lapes, Jake Calvert e Nathan Price já não é novidade. A atenção que tem sido dada por estas páginas e emissões de rádio associadas aos lançamentos da Worm Discs faz com que bandas como Run Logan Run, Snazzback, corto.alto ou Dundundun sejam já conhecidas por terras lusas, facto que torna imperativo uma visita destas formações a Portugal num futuro próximo — publico interessado certamente que não faltará.
Além disso, tanto a inovação musical dos grupos da editora como o ecletismo dos DJ sets do coletivo são razões mais do que suficientes para justificar um contínuo mapeamento dos seus movimentos. Não o fazer implica necessariamente uma lacuna na compreensão dos modos do novo jazz. Mas serão estas correntes jazz, verdadeiramente? A resposta assoma-se como intrinsecamente paradoxal, mas plena de sentido: é jazz por ser precisamente muito mais do que apenas jazz. Esta música porosa, adaptável e em mutação constante prescinde de rigidez na forma e conteúdo para dar ênfase ao contexto. E quando assim o é, as ondas do presente tornam-se fontanário inspiracional, e a criação artística assume contornos de praxis assente numa filosofia que busca novas soluções. A reportagem que se segue elucida porque assim o é.
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Reportagem completa para ler em Rimas e Batidas.